sexta-feira, janeiro 12, 2007

Fora de pista: Um "green" acastanhadoAlfredo Leite em Tan Tan, Marrocos (texto e foto)


Podia imaginar-se quase tudo, menos o que aquelas duas criaturas estavam a fazer lá ao longe, aparentemente divertidas, no meio da imensidão do deserto. Os movimentos ritmados e perfeitos faziam lembrar a progressão num verdejante "green", mas, ali, o tapete macio era acastanhado e rugoso, feito de milhões de pedrinhas e terra fina. "Não são as melhores condições para jogar golfe, mas são as que temos aqui e, por isso, estamos a disputar este "torneio" franco-belga". Irónico, o francês Frederic Barczynski deu mais uma tacada e lamentou a boa performance do companheiro: "Ele (o belga Olivier Deplechin) tem mais experiência e, por isso, estou a perder neste terreno difícil". O jogo até estava a progredir e as bolas iam entrando nos buracos que a rigidez do solo obrigou a improvisar entre dois bidões de combustível, mas a aproximação do primeiro helicóptero anunciava que as motos do Lisboa Dakar estariam a chegar. Frederic e Olivier interrompem o jogo e vão apressadamente para junto dos seus dois jipes. Responsáveis pelo posto de controlo e cronometragem número 2 da classificativa de ontem, a descontracção do golfe no deserto foi substituída rapidamente pela adrenalina da chegada alucinante de motos, carros e camiões. Uns escassos momentos bastaram para que partilhassem com os pilotos a camuflagem do pó que lhes cobre o rosto e os blusões. O jogo agora é a sério e os tacos terão que permanecer guardados na traseira do jipe talvez até às areias saharianas de Atar, na Mauritânia.
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